6.7.08

"Com direito à minha concepção de hierarquia dos diversos aspectos (da interpretação musical), eu diria para concluir: logo abaixo da obra, que deve sempre vir em primeiro lugar, na minha opinião, vêm a paixão e a imaginação do artista. Quanto à interpretação, julgo inadequada aquela do músico que tecnicamente realiza tudo com perfeição, que respeita todos os aspectos da articulação, que segue estritamente aquilo que se encontra nas fontes, que emprega o instrumento correto, que toca em temperamento mesotônico, que escolhe o tempo correto, mas a quem falta uma coisa: a musicalidade, ou dito de forma mais poética, o favor das musas. Isso é cruel, mas nesta profissão aquele que não teve a sorte de ser beijado pelas musas, jamais será um músico. Pois um artista verdadeiro, embora possa cometer erros e fazer coisas que se demonstrem erradas, é capaz de fazer com que a música penetre na pele do ouvinte, tornando-a realmente próxima dele. Ao passo que um outro, poderá dar-nos uma interpretação que, mesmo interessante, não consegue mostrar-nos o que é de fato a música, e é incapaz de oferecer-nos uma expressão que nos fale diretamente, que nos perturbe e nos transforme." [1]

[1] Harnoncourt, Nikolaus: O Discurso dos Sons: caminhos para uma nova compreensão musical; Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998. Musik als Klangrede, Wege zu einem neuen Musikverständnis; 1982, Residenz Verlag, Salzburg.
Mais alguns meses se passaram e nada de postagens...na verdade eu achava que ninguem mais lia isso aqui, mas o nosso fiel leitor, sr. Griffin Yard, esteve acompanhando, mesmo que com menor regularidade, mas eu não esperava mais dele...como sempre, eu penso em muitas coisas pra escrever quando estou na rua ou mesmo na sala de espera dum consultório, mas quando chego em casa nem lembro mais o que ia escrever...por isso mesmo, no tal dia do consultório, eu fiz uma anotação num papel velho que não ajudou muito, para não esquecer o que eu pretendia escrever...não esqueci, mas também não será agora que vou escrever...a não ser que desça uma santa inspiração de algum lugar...quem sabe?