25.4.21

Desde a noticia, no dia 6 de abril de 2021, o que mais tenho feito é lembrar. Relembrar, voltar a cada momento. E a última ligação, no dia 3, me aperta o coração cada vez que lembro, mas fico sempre impressionado com o tanto que parece que falamos, tantos assuntos, tanto conteúdo e tantas coisas importantes!

Até o início da pandemia, desde quando me mudei de São Paulo para o Centro-Oeste, as ligações não eram tão frequentes, talvez 2 vezes ao mês e costumavam se resumir a no máximo 5 minutos. Falava um pouco de como estava, talvez uma novidade, frivolidades e então passava para a mãe...

Mas desde que tudo começou, no meio de março de 2020, as ligações se tornaram mais frequentes. Não tanto quanto eu achava que deveriam, como eu sempre dizia. Mas eram semanais, as vezes com intervalos de dez ou quinze dias, mas muito mais longas. Meia hora, quarenta minutos, chegamos a falar uma hora. Algo que sempre foi comum em ligações com minha mãe, com meu pai era algo que só acontecia pessoalmente, conversas longas à mesa, depois do jantar, do café da manhã, quando tinhamos tempo. Sobre tudo, do dia a dia, politica e nossas discordâncias, histórias da vida dele, futebol, história ou que viesse a tona.

Mas a última ligação! Dia 3 de abril, 16:21 da tarde. Falamos por 37 minutos e 54 segundos. No último ano principalmente ele tinha o hábito de mandar uma mensagem pelo zap-zap desejando boa tarde, bom dia, bom domingo, sempre bons desejos. Nesse mesmo dia 3, às 13:17 ele me escreveu. Eu já estava pensando em ligar, então não respondi, deixando pra responder pelo telefone.

Talvez os mais de vinte dias passados afastem algumas lembranças, detalhes. Mas não sai da minha cabeça, perdi o sono lembrando e pensando na idéia de registrar o que lembro, enquanto a memória esta aqui.

Ultimamente ele costumava falar de estudos, perguntar se eu não pretendia seguir com doutorados e afins, principalmente desde que minha irmã começou o mestrado dela. Estudo nunca é demais, dizia ele e falamos sobre o mestrado dela, ele não sabia muito bem o assunto mas sempre mostrava como estava orgulhoso. Eu também não sabia exatamente sobre o que era mas por um acaso tinha falado com ela pouco antes sobre e comentei o pouco que sabia. E comentei que andava cogitando, que havia conversado com um amigo professor universitário que havia me incentivado a pensar sobre. Falamos de estudo, comentei da minha sogra que estava terminando o ensino médio e ele perguntou sobre. Mostrou interesse, como não imaginava que tinha. Perguntou como era, se ele podia fazer também. Eu disse que ia pesquisar sobre. Ele, que só completou o 4o ano do primário, mas que tanto nos ensinou, tanto sabia! Quando falava, não devia nada a ninguém com mestrado, doutorado ou qualquer título. Um mente muito ágil, sabia de tudo, falava de tudo e sabia muito! (falarei mais em breve, para não perder a linha e nem me extender muito comigo mesmo)

Mas o que mais me marcou foi outro tema. Não lembro como chegamos nesse assunto, o que levou a falarmos sobre. Mas ele falou algo sobre ajudar quem precisa. E o que ficou voltando, martelando, foi que ele disse que passou fome e sabe como é passar fome. E como ele pode, o minimo que ele podia fazer era ajudar e retribuir como ajudaram a ele quando criança. E essa imagem, de ajudar sempre que era possivel, não importa onde estivesse e quem fosse, é uma das mais marcantes, entre tantas imagens e lembranças que ficam para sempre. Lembrando da ligação, parece que ouço a voz dele. Me imagino na sala de casa em Brasília, de pé perto da mesa (costumo andar pela casa quando falo ao telefone, principalmente em ligações longas como as nossas dos tempos de pandemia) e na ligação me imaginava do lado dele, olhando nos olhos dele e ouvindo ele falar. E lembrava das histórias que ele contava, dos seus tempos do Colégio dos Órfãos em Portugal. E apesar de tudo ter melhorado para ele, principalmente nos últimos anos, ele não esquecia suas origens e seu passado. Ajudava sem esperar nada em troca.

Sempre que ligava, neste ultimo ano principalmente, sentia uma alegria na sua voz, de falar com um dos seus filhos. E quando desligavamos, sempre agradecia (e eu sempre dizia que não tinha porque agradecer). Achava que estava atrapalhando, tomando meu tempo ou algo parecido (e eu sempre dizia que não tomava tempo nenhum, era sempre um prazer). Assim como sempre que eu perguntava se estava ocupado, se estava atrapalhando, dizia que não atrapalha. Filhos nunca atrapalha, dizia. Isso sempre, mesmo que na hora do almoço no trabalho, a hora mais movimentada e corrida no restaurante, nunca atrapalhavamos pra ele.

Ainda na ligação falamos de planos, planos de casa própria, algo corriqueiro nos ultimos tempos (o assunto, trazido por ele). Falamos de futebol, como sempre, mas os detalhes me fogem a memória. Mas era comum falarmos dos Belenenses, da Académica e da Juventus pelo Cristiano Ronaldo (o marrentinho, como ele sempre dizia). Falava do placar, as vezes eu achava que ia contar alguma novidade e ele já sabia de tudo. Era comum eu atualizar dos resultados, principalmente da Académica na segunda divisão. Lembro de algumas vezes passar a tabela de classificação pelo telefone. Times, suas pontuações e imagino ele mentalizando e fazendo as contas na cabeça, que ele fazia como ninguém e com uma velocidade sempre impresionante...e sempre terminava o assunto futebol, ou depois de falar de algum resultado ou noticia ruim, com são uns pernas de pau. E claro, quase sempre falávamos da maloqueira, como ele carinhosamente se referia a Portuguesa. Lusa que faz parte da minha vida graças ele, mas também assunto para outra memória...

No dia 4 de abril nos vimos pela última vez, em uma chamada por skype de toda a família, cada um na sua casa. Estava animado, do seu jeito nas chamadas, já que ele dizia que gostava de nos ouvir e ver a os filhos falando. Ele falava pouco nessas chamadas, mas estava lá, do seu jeitinho, lindo. E estávamos animados, assim como ele, que no dia 5 ele tomaria a tão guardada segunda dose da vacina, que ele de fato veio a tomar. Em talvez quinze ou vinte dias, ainda não tinha(mos) chegado a uma decisão unanime de tempo, ele poderia voltar a sair e trabalhar, coisa que nunca deixou de fazer desde sabe-se la quando, mas com quase toda a certeza nos últimos 60 anos. Eu não liguei, como meus irmãos fizeram, na segunda depois dele sair pra tomar a vacina, para saber como estava. Pensava em ligar em algum momento da semana, terça ou quarta, não tinha pressa, pensei eu. O que me consola é que falamos por 37 minutos e 54 segundos bem aproveitados no sábado e por horas nos ultimos anos. E aproveitamos bem os momentos que estivemos juntos, do nossos jeito, cada um de nós com o nosso jeito de aproveitar a presença e companhia um do outro.

E sim, planejavamos ir a Portugal. Falamos também disso no sábado. Vamos ver em 2022...vamos ver como vai ser o próximo ano. Aí vamos todos os 9.

PS: Na conversa, falando dos estudos e do meu mestrado, comentando sobre escrever uma tese no caso da minha irmã e no meu caso dei um recital, que ele comentouE nós assistimos, ao vivo!, com ênfase, que me deixou feliz de lembrar que mesmo distantes, eles estavam lá presentes...

10.11.10

Futebol e cafeteira na loja de decoração...

Era uma loja grande, com longas e grandes gondolas, como um supermercado, mas que vendia coisas de decoração ou algo parecido...estava eu lá e de repente aquilo era um jogo como de futebol americano, as gondolas eram baixas e podia-se passar a bola por cima delas e ver os outros jogadores, que pelo visto eram os funcionários de la...de repente recebo a bola (ou algo que usavamos como bola) mas antes de correr pra gol, que era como uma tabela de basquete sem cesta ( acho que na verdade uma placa de anúncio de alguma coisa no fundo da loja) o "adversário" viu que eu estava com a "bola" e fechou o gol, pondo a mão na tabela, no melhor estilo 'polícia e ladrão' dos tempos de infância...aí o outro cara do time disse a expressão em inglês do que aconteceu e eu disse que não fiz o gol porque num sabia a expressão em inglês, o jogo era novo pra mim...mas tudo em português, no melhor estilo Hattiesburg!
Comecei a andar pela loa, tinha um cara empilhando umas coisas e tentando de propósito deixar meio desequilibrado pra cair tudo, pondo uma cafeteira em cima duns copos fininhos...eu joguei uma coisa pra derrubar tudo mas errei...aí uma moça começou a imitar um barulho, parecia uma pássaro ou algo assim...no começo parecia uma máquina, quando fui ver, ela disse que tava imitando uma cafeteria! Fiquei pensando, as brasileiras preferem cantas ou assobiar uma música, já as americanas gostam de imitar uma máquina e seu barulho...eu hein! Era uma barulho estranho que depois se transformou em algo parecido com um pássaro cantando, muito chato por sinal, agudo bagarái e intercalava o canto agudo e um ronco parecido com uma pomba ou algo irritante do mesmo jeito...comecei a me virar e revirar na cama e acordei...foi quando vi que vinha da janela...fiquei curioso pra ver que pássaro conseguia ser tão irritante e que tinha parado bem na minha janela! Me levantei, fui ver e era um esquilo! Bati no vidro, ele saiu mas continuou, como se estivesse na parede, esperando...ainda voltou mais umas duas ou três vezes pra encher o saco, até que num sei como espantei ele...acho que ele só cansou de ficar ali...pelo menos tirei uma foto do infeliz, mas não abri a janela pra não correr o risco de ter um esquilo pulando no meu quarto...

5.11.10

Dying

Estamos morrendo por aqui...só pra constar!

Sem pretensões de retorno tão breve, nem longinquo...também sem motivos aparentes para isso!

E é só.

24.3.10

E foi pro saco...

1a evidência
Daniel: Bah, você num sabe da última!
Leonardo: O que, o Dainer saiu do armário?
Dainer: Sai do armário ali atrás, ó! (apontando pro quarto)

2a evidência
Dainer: Bah, hoje meu beiço foi pro saco!
Daniel: ... 0.0 Rindo até o chão (só num rolou porque estava comendo, ai dá indigestão)
...pouco depois...
Dainer: Mas isso é normal...

3a não-tão-evidência
Dainer: La em Memphis toquei nuns traversos, nunca tinha tocado em um...
Daniel: Travecos?


Eu me divirto nessa casa!

23.3.10

Revolução visual

Só registrando aqui que ficou tudo torto na postagem anterior, mas até que ficou legal...ou não...

E a foto dele tá quase maior que o quadro! Também num era a intenção...fazê o quê?!

Essa família só tem artistas...



Vocês são uns artistas, costuma dizer meu pai, mas não se referindo à música como arte, mas sim as artes que aprontamos, normalmente se referindo a mim e minha querida maninha!
Mas venho aqui escrever porque, depois de ver algo no facebook sobre uma pintora lusitana, lembrei do meu tio, que por lá nasceu e ainda vive, irmão do meu querido pai, que é pintor. Ele já teve suas exposições e saiu várias vezes no jornal local/regional...aí numa chei muita coisa, mas achei 2 sites interessantes. Então resolvi publicar aqui, como forma de homenagem, registro e popularização do seu trabalho...lá vai:



António Costa Duarte, nasceu em 01/10/1942. Natural de Vila Nova de Ceira - Coimbra. Profissional da Industria Hoteleira - Café Santa Cruz de Coimbra.
É autodidacta e desde cedo começou a evidenciar interesse pelas Artes Plásticas, expressando-se quase exclusivamente através da técnica a óleo.
Tem participado em algumas exposições colectivas organizadas pelo MAC, do qual é Associado. Está representado em colecções particulares, nacionais e internacionais.

MAC - Online: Galeria de artistas



Por entre o café e as cores
Ninguém diria que o António Costa, empregado no Café Santa Cruz, em Coimbra, seria tão hábil a fixar as cores, as formas, os lugares, através da sua pintura que retrata espaços e naturezas, ou seja, o brilho tão português das nossas coisas simples, mas claras e cheias de luz.
António Costa Duarte, nascido em 1942, é natural de Vila Nova do Ceira e há vários anos que, através da técnica a óleo, se vem exprimindo com talento e vivacidade, com a admiração dos seus familiares e amigos.
Trabalha, lê, observa, reage a tudo quanto é cor e movimento. Pacientemente vai mostrando o lado de lá da realidade e procura transmitir a beleza das circunstâncias em que vive.
“Às vezes pára, em pleno Café; depois, vem à porta, olha para o azul e para o constante movimento da rua. Sorri, por ter encontrado uma outra forma de se exprimir plasticamente. Assim mesmo.
E já renovado interiormente, carrega uns cafés na bandeja e aí os vai distribuindo por aqui e por ali, por entre sorrisos e cumprimentos.
Mas ninguém sabe que António Costa o criativo, o pintor, acaba de ler no espaço novas metáforas e novos equilíbrios.
A vida do artista tem que ser descobrir, confessa-nos o pintor.
E pronto. Acreditamos.

in O Trevim, de 29/03/2007

BLOGÓIS: Por entre o café e as cores

10.2.10

Colorados x Grêmistas

"Num é que eles tem vergonha de ganhar, é que eles tem vergonha de ganhar." [1]


[1] Schmidt, Dainer (Roommate); referindo-se à suposta vergonha dos Colorados em assumirem que ganharam o terreno do seu futuro estádio, que devido a forças do destino, será a sede no Rio Grande do Sul na Copa do Mundo (e não o estádio do Grêmio, que foi por eles comprado)

29.6.09

Tomando notas

Livros que li ultimamente entre 2008 e 2009 (deveria ter anotado com mais precisão):

- Moby Dick; Herman Mellville
- O Vendedor de Sonhos; Augusto Cury
- High Fidelity; Nick Hornby
- Gulliver's Travels; Jonathan Swift
- A Revolução Iraniana; Osvaldo Coggiola
- Catcher in a Rye; J. D. Salinger
- Pitch Fever; Nick Hornby
- Como escolher amantes e outros textos; Benjamin Franklin

Livros que comecei a ler e pretendo terminar:

- Shostakovich-Vida, Música, Tempo; Lauro Machado Coelho
- Sobre a Tagarelice e outros textos; Plutarco
- A Dança dos Deuses; Hilário Franco Júnior
- Saindo da Sargeta; Charles Mingus
- Os Simpsons a Filosofia;

Hoje comecei a ler "Noites Brancas", do Dostoievsky...parece jóia!

Quem sabe depois eu comente alguns desses livros

2.6.09

Andanças noturnas contrabaixisticas

tarde de sábado, cache pros lados de Tucuruvi. Desço na Parada Inglesa, 20 minutinhos empurrando o Aristoflênio, com direito a belas ladeiras e descidas ingrimes...cheguei! Missa rolando, espero pelo fim, ensaiozinho básico, quase 2 horinhas...quando num aguento mais, começa a bagaça: Missa na Igreja de Santa Joana D'Arc! Dor nas costas, coral bão e diversão. Saldo final, o suficiente pra pagar a inscrição de Campos...encho o bucho e agora só 15 minutinhos de volta, com menos ladeiras e mais descidas...eis a Parada Inglesa. me perguntam do Pub, num sou daqui...passo com o baixo, estou indo tocar, segundo elas...

Entro no primeiro vagão, domino o banco inteiro, um assento é meu e outro da mala...então o tiozão entra em ação:
-É um violão? pergunta ele;
-Contrabaixo, respondo eu;
silencio apreciativo da monstruosidade chamada contrabaixo
-Grande hein!
-Grande! repete o cara do chapéu de boiadeiro, de olhos arregalados
-Você toca? pergunta ele
-Toco, respondo, pensando dentro de mim algo como 'não, carrego de feliz mesmo'
mas mantenho o bom humor, afinal, qual o motivo pra perde-lo?
-Você é de onde? pergunto eu, curioso, imaginado que o cara seja dos cafundós
Na primeira não entende, barulho do metro...na segunda, responde:
-Sou paraense, o que entendi paranaense, apesar de não parecer
-Hã?
-Pa-ra-en-se!
Chega mais um cara que tava do outro lado, com visual anos 60 moderninho, padrão Rockabilly...num deu outra! Chegou perguntando da capa, onde comprei, 'é do Paulo Gomes né?', comenta que toca também, mas, adivinha: Rockabilly.
Cara gente boa, papo vai, papo vem, histórias do japa subindo no baixo emprestado e destruindo o bagaço e fingindo que num foi ele...desce na Sé.
Enquanto me despedia, bafo na cara do cara do lado me chamando. Me senti importante, super requisitado! O brother rockabilly desce, nos despedimos como se nos conhecessemos a tempos...no fundo, somos baixistas, superiores!
Viro pra minha direita, bafo na cara, o cara que tava sentado atras do chapéuzinho que entrou na Parada Inglesa, pergunta se vou descer logo. Olho com cara de interrogação 'Que te interessa', penso...
-A minha amiga (ou era namorada) ta com vergonha, mas ela queria saber se vc topa tirar uma foto com o baixo...ela é fotógrafa e vai fazer uma exposição com fotos dentro do metro de pessoas ou coisas surreais (ou algo assim)
Perguntas óbvias, viro pra ela, pergunto o nome, sobre seu projeto, ja que ela é a fotografa, ele só o agente...
-'Cabei de tirar foto dum cara com a cara do Slash...
Comenta sobre as bizarrices costumeiras do metro paulistano...
Então penso, nada a perder e ainda ganho uma foto dentro do metro..hummm, fechou!
Levanto e pergunto 'é só tirar a foto né? Só posar?'
-Isso, responde o agente - Mas sem a capa
Putz, penso eu...ah, belê!
Tiro a capa, tiro o agasalho de dentro do baixo e taco no banco, que pega na cabeça duma mulher inocente, que nem liga...mando o cara segurar a capa (pelo menos assim ele faz alguma coisa!)
Poso com a porta às minhas costas e então ela manda eu ficar no meio do vagão, de costas pro corredor, e ela chuta a foto...dô uma zôiada, curti!
Ela passa o flickr, e tô na espera até agora da foto...
Casal desce no Paraíso, sigo pra Santa Cruz, chêgo, caroninha paterna e tô em casa, feliz da vida, por ser contrabaixista!

4.5.09

Virando a Virada Cultural 2009

Foi anteontem e ontem! Gostaria de ter escrito durante a Virada, mas não sou tecnologicamente suficientemente provido de meios para isso...

Devo ter saído de casa por volta das 17 horas do sábado. Primeiro parei no Teatro Municipal, pra deixar meu terno, camisa e sapato pra apresentação da OER (Orquestra Experimental de Repertório) que ia rolar às 15 horas do domingo, com Francis Hime. Isso eram umas 18h05 mais ou menos e o show do Arrigo Barnabé, tocando o disco "Clara Crocodilo", já estava rolando. Entrei pela entrada dos músicos e ainda vi um pouquinho do show, do backstage...podia ver todo o show, mas como eu já toquei esse mesmo disco com ele pela OER (hã-hã, descupla ae!) e queria ver o Jon lord, fui-me embora...

O show do Jon Lord era às 18h10, la na Avenida São João, junto da Orquestra Sinfônica Municipal. Cheguei um pouco antes de começarem, ainda estavam arrumando o som mas a orquestra já estava no palco...cheguei no telão e já tinha gente se aglomerando por ali, sem coragem de chega perto do palco, mas aproveitei o pessoal se infiltrando e fui seguindo, até chegar o mais próximo que consegui, que devia ser no mínimo uns 100 metros do palco, mas provavelmente mais do que isso...pelo menos eu conseguia ver a cabeça do Jon Lord e alguns músicos da orquestra, como o Rubinho, primeiro baixo da orquestra, que eu só conseguia ver ele balançando a cabeça...eles tocaram o "Concerto pra Grupo e Orquestra (1969)", anunciado no programa exatamente assim como escrevi e provavelmente muitos leram e apesar da data ao lado, acharam que seria um show do mr. Lord (Oh Lord, won't you buy me....la la la la la") com orquestra e ele tocaria só os sucessos do Pâpow (Purple em Antunês)...então qualquer coisa que ele tocasse alguém falava que la vinha Higway Star ou Perfect Strangers...mas nunca vinha (por que será?!).
O concerto foi bão demais, eu não conhecia e achei legal bagarái! O único problema é que o pessoal tava tudo aí pra orquestra então tinham os trechos só orquestrais e só dava pra ouvir o pessoal falando, principalmente no 2o movimento do Concerto, que como todo concerto, o segundo movimento é lento e sempre tem umas passagens em pianíssimo e tals, e então só ouvia o tutti da platéia e nada da orquestra...eu estava longe pra ver mas dava pra saber que a concentração estava longe do ideal...eu só sei que teve uns trechos que rolaram altos desencontros, chegando até o Jon dar a entrada pro maestro (!), e reparei que uma música o maestro tava regendo e quase deu o tempo do compasso seguinte, mas parou porque a música tinha acabado...mas o resultado foi muito bom, e além do Concerto teve ainda Pictures of Home e Child in Time de bis!!! Destaque para o vocalista, que cantava muuuito bem e não deixou a desejar...substituto à altura do ian Gillan!
Além disso, tiveram as curiosidades do show...primeiro teve um cara passando no sentido contrário do público, provavelmente vindo da rua do lado, de bicicleta...como estava entúpido de gente, ele teve que levar na mão...então quem tava longe só viu uma bicicleta flutuando sobre as pessoas...e depois passou uma tia do meu lado que parecia vindo do supermercado, com um saco de papel higiênico...como tava começado a cair os rolos pela rua, ela levantou o saco e só dava o saco dos papéis passando no meio da galera...

Depois do show, encontrei minha irmã que tinha chegado antes com o namorado e fomos tentar falar com a profa dela pra conseguir autógrafo do Lord. Num rolou e ficamos la enrolando, e enquanto isso, na mesma São joão, mas mais pra trás, tava tendo uma apresntação no Guindaste do Circo. A apresentação era do mObil, no qual 4 mulheres presas cada uma numa ponta ficavam girando, as vezes presas uma na outra, formando um círculo, as vezes separadas, sincronizadas...divertido! Em quanto isso o pessoal ficava apreciando de baixo as gurias...de la, fui eu, Angela e o Leandro pros filmes de zumbi...no caminho, eu parei pra ver e tentar fotografar um cara com uma bicicleta toda modificada (bike tunada), cheio de canos saíndo e ele com uma máscara no melhor estilo Homem de Ferro de algum filme japa de baixo orçamento...ele era todo prateado e tal...depois fui descobrir que ele fazia parte da Virada e era o Ciclista Prateado e que a bicicleta dele solta fogo pelos canos...mas num vi nada disso...então andamos mais e depois de cruzar a avenida Ipiranga, assistimos um pouco de um grupo peruano que estava tocando na mesma São João, vestidos à caráter, com penas na cabeça e nas costas e todos pintados...bem legal, filmei um pouco de uma música, que ta la no youtube (leonbasso)...

Depois dos índios peruanos, fomos pro Cine Dom José, onde tava rolando a mostra de filmes de zumbi...nunca imaginei que fosse entrar nesse cinema, apesar de sempre passar em frente nos intervalos da OER, já que ele fica do lado do Olido, onde ensaiamos e em frente ao barzinho que as vezes eu vou comer...o detalhe é que la funciona um cine pornô e que durante a virada teve seu propósito alterado...logo na entrada tinha uns posters joia de filmes como Project A, com o Jackie Chan e Monolith (Cuidado: um "Alien" esta a solta)...tive que registrar essas bagaças...então entrando na sala, fiquei surpreso com a imensidão da bagaça...é daqueles cinemas que tem galeria em cima e enorme em baixo e claro, estava com vários lugares livrs, principalmente na frente...eu tinha achado que ia ter fila ou que ia estar cheio, mas não...talvez o filme tenha colaborado pra isso! Tava passando O Zumbi (The Ghoul), de T. Hayes Hunter, um filme bem véio, de 1933 e com uns dos piores diálogos que já vi...o pessoal tava morrendo de rir, comédia da melhor do início ao fim...infelizmente não vi o zumbi a solta, já que minha namorada chegou no centro um pouco depois, mas o que era pra ser o zumbi que eu vi parecia um cara sujo, cheio de pó em cima, meio torto, mas que só soube que era ele o zumbi porque ele saiu duma tumba...acho que pessoas comuns não costumam dormir em tumbas...então fui encontrar-la em frente ao Teatro Municipal...la estava abarrotado de gente, não só na fila, mas também no arredores...encontrei ela e então íamos voltar pro cine zumbi/pornô, quando, passando em frente a fila do teatro encontramos o pessoal da OER (Eurico, Gabriel e Milena, além do Flavio e Fernanda e Chileno)...tavam todos na fila pro Gismonte das 21h à umas 2 horas e não coseguiram entrar...iam ficar por la pra assistir no telão que tinha em frente ao teatro...foi enquanto eu conversava com eles que apareceu um mendigo protagonista do melhor momento da Virada, segundo o Gabriel...chegou o mendigo pedindo alguma coisa pra comer e então eu disse que tinha uma maçã na mala, que na verdade eram 2, já que eu não gosto de dar dinheiro...então ele acietou, o que dixou o Eurico meio surpreso e nessas ele deu 2 reais pro tio...então, quando eu entreguei a maçã pro mendigo, ele pareceu meio surpreso com a maçã, já que pelo visto ele não tinha entendido o que eu estava oferecendo, só que era alguma coisa de comer...então ele apontou pra sua boca e foi então que vimos que ele era banguela! Nessas, o Gabriel caiu na gargalhada...o velhinho então disse que num tinha problema, ele dava umas porradas na maçã até ela ficar mole...ia ter que socar muito a maçã, mas aparentemente ele ficou satisfeito...fazer o que, como eu ia imagina que ele num tinha dentes?! Depois do ocorrido, ainda fiquei um pouco la, bati um papo e fomos Estr e eu pro cinema...chegamos e o filme tinha acabado, entramos pra Ester poder ver como é o cinema por dentro, o filme já tinha acabado e então e encontramos Leandro e Angela fora...fomos comer, eles no Habib´s e nós no Rei do Mate, que o cara que nos conhece até perguntou se estavamos passeando, meio surpreso de nos ver la aquela hora.

Acabos de comer e todos rumamos pro Jardim da Luz, onde às 22 horas ia abrir a Instalação de Fogo, da Cie. Carabosse. Eles decoraram todo o Parque da Luz com pequenos vasos flamejantes, além de pequenas apresentações musicais, como num coreto próximo à Pinacoteca, logo na entrada, onde um casal de velhinhos tocavam ao som de suas viola caipira e violão de 7 músicas caipiras, ao estilo Viola Minha Viola...mas nada ampificado, tinha que ficar grudado na grade do coreto pra poder ouvir a música. Andamos um pouco e então fomos de encontro ao Adriano, que tinha chegado naquela hora...acabamos nos separando e eu e a Ester fomos prum lado e eles pra outro...vimos as apresntações, como de um guitarrista com um playback dum disco com uma bailarina espanhola girando em cima e um computador, cercado de pequenas lamparinas e coisas girando (que agora o Adriano disse que se chama ORL e tem seu disco pra download grátis)...teve um bagulétis que tinha umas bexigas d'água que de tempo em tempo desciam e derramavam um balde furado em alguma coisa que eu não conseguia ver com as jacas na frente...ao mesmo tempo, um pássaro (pingüim para alguns) ficava girando, como se voando e, segundo o Adriano, tinha horas que um cara punha uma bexiga com água no meio do caminha do pássaro-pingüim, que ia caminhando rumo à bexiga...quanto mais perto, mais exaltado ficava o povo, aguardando pelo estouro e por isso que eu ouvia às vezes uma aclamação, como um gol, mas na verdade era o pengüim voador estourando a bexiga...tinha uma passeio por uma gruta subterrânea com pequenas velas ao chão, que estavam todas apagadas, graças ao espírito vândalo (sabe porque chamam os arruaceiros de Vândalos? Isso fica pra um próximo post, um "momento história no Bloody", se houver paciência) tão presente nesta Virada...tinha uma fila enorme só pra passar num gruta onde não se via nada...como disse um cara atrás de mim, imagina o que acontece nesse gruta numa segunda-feira normal...nem quero saber! Havia muita coisa pelo parque, com ruas iluminadas por fogo e bombeiros espalhados estrategicamente pelo parque monidos com 2 extintores pra eventuais acidentes ou cretinices, como um trôxa que tacou coca-cola num vasinho, bem atrás do bombeiro...ê necessidade de provocar! Merecia que do vaso saisse uma labareda e queimasse toda aquela cara de otário!!! Pois bem, momento revolta off, demos uma volta no parque e fomos-nos embora, Ester e eu.

De volta ao centrão, encontramos Paulinha e Bruno, também da OER, em frente ao poupatempo e fomos pros lados do teatro, em busca da tal "Harpa monumental", na Praça Ramos...eu tinha certeza que a tal Praça Ramos, itinerário de tantos ônibus, era em frente ao metrô Anhangabau, ali perto da Biblioteca Central...chegando la, e sem encontrar nada, descobri que não era la...então fomos pra viaduto ficar esperando pela amiga do Bruno...enquanto isso, ficamos vendo uma apresentação que estava tendo la em baixo, na praça, onde depois acabamos encontrando a Angela, Adriano e Leandro...então que descobri que aquilo era o tal Mass Ensemble - Earth Harp...ainda tinha perguntado pruma policial onde era a Praça Ramos e ela disse que num sabia...era bem ali, atrás dela...nunca imaginei que a Praça Ramos fosse bem embaixo do viaduto e que a harpa tivesse ali do lado... A Paulinha, que estava la contra vontade arrastada pelo Bruno, tava morrendo de sono e a Ester, que foi de bota de salto (longa história do porque, mas ele num tava vindo de casa) tava querendo descansar um pouco, então sugeri ir pro cine zumbi, onde ia rolar Planeta Terror, do Robert Rodriguez e enquanto eu me divertia, elas descansavam...mas pra variar eu esqueço que tô em São Paulo...

Antes do cine pornô, paramos la lanchonete entre o Teatro Municipal e a Galeria do Rock e tomamos um suco e comemos um queijo quente. Detalhe pra alta dos preços, em razão da Virada e de que a cada 20 segundos aparecia alguém querendo usar o banheiro e o dono falava que num tinha...Dali fomos pro Cine Dom José, descansar e assistir Planeta Terror!!! Eu nem acreditava que ia ver finalmente a mulher com metralhadora na perna...chegamos os três la e além de nós, tinha uma horda de animais entulhados na porta, assistindo na frenta da cortina da sala...chegamos bem na cena do Tarantino com a maneta, que ele diz que nunca viu uma garota de programa sem perna...então, papo vai, papo vem, e ela mete o toco de madeira da perna no olho do cara, cena que deixou a Paulinha, já não muito a vontade sabendo que estava num cine pornô, mais mal ainda...enquanto isso, o cinema vinha abaixo com o pessoal estasiado! Ainda vi o cara indo pra cima da mulher querendo dar uns catos nela e derretendo todo (que bela imagem aquela, que nunca esquecerei) e depois de rolar tiro e porrada pra todo lado, chegam uns caras, atirando e então, não sei como, porque estava eu brigando com a cortina do cinema e a jaca na minha frente, o cara mete a metralhadora na perna da mulher e ela daí em diante sai metralhando tudo quanto é zumbi...vista a melhor parte e já não aguentado nos sentir como sardinhas, fomos embora...devia ser por volta de 1 hora da manhã quando fomos pro Olido, onde ficamos sentados na sarjeta descandando...

Nessas, sentados no Olido, passou uma dupla com caras e chapéus engraçados puxando uma mala de viagem...fiquei olhando os caras, que me comprimentaam e logo tomou um daqueles tropeções de palhaço e logo imaginei que fossem franceses, porque tinha visto que ia rolar a Maratona de Rua com artistas franceses...mas nem todos eram e esses não eram! Eram os Irmãos Becker, que são malabaristas, meio palhaços, que fazem performances usando desde seus chapéus de coco até cones de rua e raquetes de tênis...eles chegaram já causando, jogando a mala do lado dum cara dormindo no canto do saguão, sentando quase em cima do cara e foi só o cara dar o primeiro berro, junto uma galera enorme em volta, fechando o saguão! Muito divertido, filmei a apresentação inteira, que teve uns vinte e poucos minutos, gravação no meu melhor estilo, "câmera nervosa", e que termina com ele pondo o chapéu do chão na cabeça primeiro usando a boca e depois só a cabeça...muito bom, uma das melhores coisas que vi nessa Virada, que foi muito boa no todo...durante a apresentação deles, chegou o Bruno e outros amigos dele, alguns músicos, outros não...ficamos por lá, sentados depois da apresentação, que só eu prestei atenção do pessoal e então, um tempo depois, provavelmente 2h30, juntou outra penca de gente no canto em frente à escada do Teatro Olido...eu não vi o que era e não tava muito animado pra ver o que era...imaginei que fosse algo e dança, devido à música alta e um tanto peculiar...então, depois de muito ouvir, decidi levantar e ver o que era, munido de minha Arnaldinha, grande companheira desses tipos de eventos...era um casal de dançarinos, com vestidinho de balé e uma roupinha transparente em cima...num entendi a proposta, mas tinha uma mesa com duas xícaras e duas cadeiras...els ficavam pulando, fingindo de morto e tal e do nada, tiram uma faquinha daquelas que a lâmina entra quando espeta e do nada começavam a se esfaquear (!), e jogavam as facas fora, pulavam um pouco, iam voltavam a se esfaquear...tem uma hora que o cara vai com a faca pra cima da mulher mas antes dele chegar ela começa a se esfaquear e ele mete a faca nele mesmo...extremamente bizarro! Filmei um trecho, mas num aguentei até o fim, o braço tava cansado e era 'exótico' demais pro meu gosto...agora, vendo a programação, fui descobrir que a apresentação se chamava Sem notícicias de você, Mon Cher e que tem como sinopse um "espetáculo de pesquisa de dança contemporânea que tem a sutileza do convite para um chá e os sonhos como eixos norteadores." Depois ficamos la sentados, um dos amigos do Bruno chamou o hugo que começou a descer ladeira abaixo literalmente, já que o chão do Olido é em declive...pior pro pessoal que tava deitadão dormindo no chão do Olido...mó nojo mano! Depois dos desentendimentos internos do grupo, do irmão do vomitado e uma garota, eu e Ester decidimos nos dirijir ao Piano na Praça...ainda vi outra apresentação dos Irmãos Becker, dessa vez só um pouco, na rua em frente a Galeria Olido, sendo que dessa vez ele equilibrou uma daquelas escadas de cinco degraus no queixo e tentou equilibrar uma bicicleta, que eu não vi se rolou porque tava à distância...

Chegamos ao Piano na Praça, que tinha acabado a apresentação, então fomos encontrar o trio no Café Suplicy, ali do lado...chique demais a bagaça e com preço bão! Lá pude usa um banheiro limpo e ainda tomar um excelente Café Vienense, lembrando os tempos que ia com o sr. Casilli ver ele tomando um no Café do Ponto do Shopping Ibirapuera (e ver a tia jogar um inteirinho fora porque ele reclamou que o sorvete tava errado) De la saímos e eu fui acompanhar a Ester até a casa dela, porque ela não pretendia virar a virada e tinha mais o que fazer...isso eram umas 4 e pouco da manhã...fomos pra lá, esperamos bagarái o onibus que não passava, fizemos umas baldeações estranhas e chegamos, enfim... tomei um merecido banho, descansei tentando não dormir, comi e me fui de novo pro centro, rumo ao segundo ato...

De volta à Virada, agora iluminado pela luz do Sol que já havia nascido, por volta das 8h20. Queria assistir às Sirenes francesas, mas não sabia onde ficava a Praça do Patriarca e acabei descendo no São Bento, porque achei mais perto e estaria mais vazio...cheguei la e o cara disse que tinha acabado de acabar...ê!!! Fui-me então pra Catedral da Sé, pra ver os Sopros Poéticos (Le Confidence des Oiseaux de Passage - Les Souffleurs Commandos Poétiques)...cheguei la e só tinha uns emos dormindo nos últimos bancos da igreja e uns velhinhos esperando pela provável missa que teria logo...hoje que fui descobrir que a poesia seria só até as 4 da manhã...então voltei pelo centro, passei ainda por uma das baladinhas de eletrônicos que tava rolando em um dos banheiros a céu aberto da virada, no Largo São Francisco, mas num sei se tava tendo alguma coisa, porque tava meio desanimado, apesar dum pessoal dançando...e então voltei pro centrão rumo ao Teatro Municipal...no caminho ainda passei por dois mendigões que me fizeram rir muito...o primeiro, na Libero Badaró, sozinho na rua, gritou "Agora só tem os bêbados!" e eu sóbrio, morri de rir...depois, já no viaduto, vi um tiozão segurando uma calcinha branca na mão e quando olhei ele disse "Ó o que perderam na rua! Quero saber como..." Provavelmente alguma fã o Wando, que foi no show errado, já que o show dele foi do outro lado do centro...pior era o mendigão segurando a calcinha de sei la quem...bizarrices da virada!

Então cheguei pouco antes das 9 horas ao Teatro Municipal pro show do Arthur Maia, tocando o disco Cama da Gato, da banda homônima, da qual ele foi baixista...achei que teria de entrar pela porta dos fundos, mas tinha tão pouca gente que entrei pela frente mesmo, pulei a grade da fila e entrei e ainda escolhi lugar no foyer, que é o primeiro piso do Teatro...ótimo show, boa parte do público dormindo ou turista, la só pra conhecer o Teatro...o Arthur Maia elogiou bastante a Virada e que na cidade dele num tem disso, aê! Imagina a Virada no Rio, andando às 3 da manhã pelo centro do Rio...eu hein...

Depois do show, tentei encontrar a Angela, mas ela tava vendo um filme no Olido e eu fiquei perambulando pela região...pensei em ir no palco do Raul Seixas, mas era longe e eu queria estar de volta ao Patriarca ás 11, porque o segurança disse que ia ter outra apresentação nessa hora...o cine pornô tinha fila pra entrar, então segui em frente e fui parar na Avenida Rio Branco, de onde dava pra ouvir de longe uma música do Tim Maia...cheguei la era um palco de samba-rock e aquela era a última música do show do Balaco, que parecia ser muito boa a banda...então, show finito, fiquei meio perdidão e acabei la mesmo encontrando uma amiga de fefeléche, a Maira, uma das poucas pessoas que entraram la comigo e eu mantive contato...pusemos o papo em dia e convidei ela pra assistir as Sirenes, mas ela e seus amigos num tavam muito afim de andar pra ver/ouvir umas sineres...
Então la fui eu, cheguei umas dez pras onze e quando deu 11 horas, surpresa!!! Faltavam 40 minutos pra apresentação...o cara tinha dito às 11, só faltou "e 40"! Blé, então fiquei por lá, esperando, vendo o Palco do Anhangabaú de dança, que naquela hora recebia a Cia. Druw com o espetáculo "Lúdico"...não que eu conhecesse, só vi no programa...vi um pouco, bonita a apresentação, mas eu queria ouvir as sirenes...enquanto esperava, uma mulher atravessou o Vale do Anhangabaú por cima da 23 de maio...o detalhe é que ela passou suspensa em um fio preso entre o topo do prédio da Prefeitura e o Shopping Light! Pelo que eu procurei, ela é de um grupo chamado Acrobático Fratelli (como os irmãos Fratelli, nos Goonies) e a apresentação se chamava Travessias (super original)...

Então chegou a hora e começou a apresentação do Mécanique Vivante, chamada Le Chant des Sirénes! Era um cara no palco com um instrumento que parece um contrabaixo vertical, daqueles que não tem o corpo, só o espelho e tal, mas no dele ao invés de cordas, tinham uns botões, parecendo um contrabaixo acústico do Guitar Hero, mas que ele tocava deslizando um bagaço que parece um apagador por cima desses botões...o som, além de ser muito, mas muito potente, parecia um órgão, com o pedal sustentando uma nota e uma melodia em cima...muito legal! Depois entrou um cara tocando um cornetinha, sempre tudo super potente...e la pra quarta ou quinta música, o Bocato, um trombonista popular, que usa um trombone de pistão, apareceu por la e tocou umas 3 músicas...pús os 3 videos que eu fiz no youtóba...no meio a Angela até pediu pra sair de perto porque estavamos ficando surdos...

Então dali fomos almoçar, no Subway do shops Light e então eles se foram...fui em direção ao Teatro Municipal de novo e encontrei o Fabrício (percussionista) em frente ao teatro, esperando pelo Chileno...foram comer, ficamos enrolando, ele comentou que tinha acabado de ver um show de chorinho no palco de instrumental, que eu nem sabia que existia, que ficava na Conselheiro Crispiniano...então, depois de comerem, fomos pra la, que ia começar um show por lá...então, as 13h20, começou o show do trio do gaitista Gabriel Grossi. Excelentes músicos e ótimas músicas! Teve uma que eu até reconheci a melodia e ele disse ser de autoria dele e ter sido usada num comercial ou algo parecido na tv...agora falta procurar e encontrar a música. La encontramos o Ladrão sua respectiva noiva, além de vários amigos dele...ficamos vendo o show, e ainda deu pra ver umas 6 ou 7 músicas...

Então fomos pra droga da passagem de som da OER com o Francis Hime, já que ele fazia questão...ainda no caminho pro Theatro, eu vi o pessoal dos Sopros Poéticos passando com seus canos, guarda-chuvas e vestimentas pretas...a apresentação na Catedral já tinha acabado, mas dpois descobri que eles continuaram se apresentando pelas ruas da Virada...iniciado o ensaio no Theatro, passamos uns 20 minutos, umas 3 músicas e disseram que o público tava entrando e tivemos que parar...num adiantou nada, mas beleza...então às 15 horas a Orquestra Experimental de Repertório e Francis Hime se apresentaram no Teatro Municipal...eu estava com um sono absurdo e por várias vezes no concerto, enquanto contava pausa, dei umas pescadas! Provavelmente alguém deve ter me visto fazer isso, só espero que não tenham sido muitos os que perceberam que eu tava quase dormindo no palco...tivemos que repetir a primeira música, além de 2 bis...isso seria normal, se o cara num fosse um carioca mala (pleonasmo?) que acha que pode tudo e nós somos empregados à sua mercê e que estamos super felizes de tocar suas músicas, que num ajudavam muito...então, depois do concerto, dentre o pessoal da orquestra uns queriam ver o jogo do Curíntia mas não nos bares lotados do centro, outros ir dormir em casa e eu ver o show do Zappa. Só eu!

Então fui com Flávio até a São João pra ele pegar o ônibus e de la fui pra Praça da República, chegando la pelas 17 horas...tava bem mais vazio do que imaginei, provavelmente todo mundo que tava por la foi pro show da Maria Rita, que não me interessava muito, bem menos que Zappa, ainda mais com o vocalista original da banda, o Ike Willis...consegui ficar bem perto do palco e de cara nos autofalantes, que só depois de começar fui descobrir que não foi uma tão feliz idéia. Às 17h20 começou o show do Ike Willis e a Central Scrutinizer Band. O melhor show da Virada deste ano que eu assisti! Os caras são fantásticos. Já tinha ficado de fora do show deles no Municipal em 2007, mas agora não tinha como ficar de fora...só por isso, fiquei bem perto! Tão perto que a cada batida do bumbo da bateria eu tremia todo por dentro e cheguei a sentir minha calça balançando, por causa da "vento" vindo do auto-falante...pois é, num é exagero, absurdamente alto, pelo menos pro meu costume...o Ike Willis continua tocando e cantando muy bien, apesar de muita coisa nas músicas do Zappa serem quase faladas...a banda é fantástica e achei muito legal ver o Ricardo Bologna, percussionista da OSESP, tocando xilofone e marimba na banda...o único problema é que a banda tava tendo problemas com seus retornos e demorou pra resolver e isso tava encomodando muito eles, principalmente o Ike Willis...la pro meio do show a Ester me ligou dizendo que tava indo pro show da Maria Rita e eu imaginei que ela não conseguiria chegar perto pra ver alguma coisa...dito e feito: mais tarde ela me ligou dizendo que nem o telão ela via e acabamos nos encontrando na República e vimos o resto do show juntos mas mais longe do palco, atrás do grupo (aquilo não podia se chama de massa) de zappamaníacos...excelente show, dia 9 tem mais com Ike Willis no Aldeia na Turíassu...ah, pra deixar registrado, a praça da República tava um lixo só, cheio de pilhas de garrafas pets de vinho e água e de tudo quanto é lixo...menos latas, que os catadores num deixavam uma sequer no chão! Podiam ter catadores de plástico lixo também...dali tentamos ir no Café Suplicy de novo, mas ja passava de 19 horas e estava tudo fechado...então fomos nos embora comer no Habib´s, dando fim a Virada Cultural de 2009...

Cheguei em casa, só tive tempo de tomar um banho, contar umas histórias e me jogar na cama pra dormir tudo que não dormia desde a madrugada entre sexta e sábado...a Virada é boa demais mas apenas muito de vez em quando...posso dizer que aproveitei ao máximo, apesar de não ter visto algumas coisas como queria, como o palco do Raul Sexias, os Sopros Poéticos na Catedral da Sé, o Egberto Gismonti que tava impossível de entrar e eu nem conheço muito dele, o percussionista africano Guem, além de algumas coisas de rua, como a performance dum cara com uma retroescavadeira e uma percussionistas literalmente de rua, batucando nas coisas da rua mesmo...mas posso dizer com orgulho que virei a Virada este ano!

10.4.09

Chique no urtimo

Mais um post de minhas andanças contrabaixisticas por São Paulo...mais uma nos arredores da Sala São paulo, na região da Julio prestes...

Saí da minha aula de contrabaixo com meu professor e fomos ao xerox no quarteirão do lado copiar umas partituras...como eu estava com o baixo, fiquei esperando na porta e ele subiu a escada e copiou...então, saímos, peguei as partes e então uma senhora nos parou, pedindo 75 centavos pra ela pegar o trem, se num me engano...era daquelas senhoras bem simples, com uns pêlos enormes que sempre me lembram aquelas bruxas de contos de fadas, com uma baita duma verruga com aquele pêlo saíndo da verruga...num sei porque, mas eu acabo me fixando mais no pêlo do que na senhora ou no que ela estava falando...então meu professor deu os 75 centavos e ela agradeceu. Agradeceu muito, a ponto de parecer que ia começar a seguir a gente porque precisava agradecer o máximo possível...então, quando já tinhamos entendido, ela virou e perguntou o que era aquilo e meu professor disse que era um contrabaixo...ela perguntou se eu tocava aquilo, com um tom de surpresa, impressionada e ele disse sim...então ela arregalou os olhos, virou pra mim, deu um belo dum sorriso e falou "Chique no último!" Meu professor e eu não pudemos deixar de dar risada e então cada seguiu seu caminho...